Estudo internacional sobre o sistema de policiamento durante o campeonato Euro 2004 em Portugal
Lisboa, 19 Set 2003 (Lusa) - As forças policiais portuguesas actuam de forma rápida e correcta quando são chamadas a intervir em incidentes que envolvem adeptos de futebol, na opinião do investigador holandês Otto Adang.

O investigador e especialista holandês Otto Adang elogiou as forças policiais portuguesas, salientando que estas actuam de forma rápida e correcta quando são chamados a intervir em incidentes que envolvem adeptos de futebol.
Adang, um dos responsáveis pelo plano de segurança concebido para o Europeu de futebol de 2000, organizado na Bélgica e na Holanda, afirmou-se "impressionado" com a forma com actua a polícia portuguesa, considerando-a "bastante correcta".
Adang, que esteve em Portugal para se deslocar a um seminário para apresentar os resultados preliminares de um estudo policial europeu sobre o hooliganismo, considera que o procedimento ideal da polícia passa por um acção rápida e logo no início dos incidentes, por forma a evitar um aumento das proporções dos mesmos. "Quando assisti aos jogos fiquei impressionado com a forma como a polícia portuguesa age, como lida com as situações de conflito entre adeptos, porque actua de uma forma correcta, com low profile e não deixa que os quezílias aumentem de proporções", afirmou.
O combate ao hoolinganismo nos jogos de futebol passa, ainda segundo Adang, por uma estreita cooperação entre polícias de vários países bem como uma adequada informação ao público.
"A polícia de cada país é que conhece melhor os seus adeptos, a sua forma de agir, de actuar. E só na interacção entre as várias polícias se pode delinear um bom plano táctico de combate ao hooliganismo", explicou.
Sítio web Euro 2004
Prof. Dr. Otto Adang é um especialista que estuda o fenómeno do hooliganismo no futebol e o comportamento das multidões nos estádios europeus desde que 1986. Otto era presente em Portugal, no Euro’2004, a fim de proceder a um estudo de avaliação, cujas conclusões permitirão melhorar as estratégias policiais existentes a nível europeu.
Otto tem mantido uma estreita colaboração com Clifford Stott da Universidade de Liverpool,
a Polícia de Segurança Pública Portuguesa (PSP)
e
o Instituto Superior de Ciências Policiais e Segurança Interna
"O Euro'2004 posse sejar o primeiro torneio Europeu sem incidentes graves"
Seminário organizado pela PSP, Lisboa, 19/12/2003


Otto Adang e Clifford Stott acreditam que existe uma "probabilidade muito baixa de incidentes" durante o Euro'2004. Eles baseiam as seuas expectativas na "visão progressiva" dos oficiais da PSP face às questões relacionadas com a violência no futebol.

Adang e Stott são ainda defensores daquilo a que apelidou de "policiamento de pequeno perfil", com a exibição do nível de força estritamente necessária para cada situação e uma intervenção muito localizada das forças da autoridade, caso tal se torne necessário. O estudo de vários distúrbios graves ocorridos no passado indica que estes são provocados por um mau controlo das multidões, mais do que pela simples presença de hooligans. É importante que os adeptos sejam recebidos com uma atitude positiva. Quase todos os adeptos que vão a um torneio de futebol fazem-no porque querem fazer parte do Carnaval do futebol.
A PSP precisa do nível necessário de apoio político, está preparada e tem aprendido muito com os seus erros nos jogos realizados em Portugal. Em Portugal existirem duas polícias envolvidas na segurança do Euro'2004, a PSP e a GNR, duas forças com um "envolvimento" e "atitudes" diferentes. Era bom que a forma de actuar das duas polícias fosse universal.
RESOLUÇÃO DO CONSELHO DA UNIÃO  EUROPEIA,
de 6 de Dezembro de 2001
relativa a um manual com recomendações para a cooperação policial internacional e medidas de prevenção e luta contra a violência e os distúrbios associados aos jogos de futebol com dimensão internacional em que, pelo menos, um Estado-Membro se encontre envolvido
DECISÃO DO CONSELHO DA UNIÃO  EUROPEIA,
de 25 de Abril de 2002
relativa à segurança por ocasião de jogos de futebol com dimensão internacional: Cada Estado-Membro deve criar ou designar um ponto nacional de informações sobre futebol de natureza policial.
Sítio web UE ESPAÇO DE SEGURANÇA
A polícia portuguesa adotará o modelo holandês

FARO/LISBOA, 19 de Maio 2004 (Reuters) - A polícia portuguesa adotará um plano de três fases para combater a violência durante a Eurocopa, mantendo a prioridade em cidades com grande concentração de torcedores, e não nos estádios. A menos de um mês da competição, que começa em 12 de junho, autoridades portuguesas estão preparando a maior operação de segurança desde que o país sediou a Expo e a cúpula ibero-americana, em 1998. Cerca de 20 mil policiais estarão envolvidos no evento, com acesso a canhões de água, bombas de gás lacrimogêneo e balas de borracha. Aviões de vigilância vão monitorar os céus, os controles de fronteira serão reativados para visitantes e cortes judiciais se reunirão nas noites e nos finais de semana para acelerar os processos de arruaceiros. Mas, apesar de todo o equipamento e de todas as medidas, os chefes da polícia insistem que o foco será o debate, e não o confronto, e que a tropa de choque e os cães serão usados como último recurso. "Estamos preparados para três níveis de intervenção", disse à Reuters o tenente-coronel Carlos Branco, chefe da operação de segurança em Algarve, em entrevista em Faro.

VISIBILIDADE
"Em primeiro lugar, a polícia estará visível nas ruas, e os homens estarão perto da pessoas e dispostos a ajudar. Depois, grupos pequenos de intervenção ativa estarão prontos para agir imediatamente frente a qualquer problema." "Finalmente, teremos forças em alerta permanente e que estão mais preparadas para intervenção em situações de ordem pública." Branco disse que polícia estudou táticas usadas durante o último campeonato europeu, realizado na Bélgica e na Holanda. Torcedores ingleses causaram tumultos em Bruxelas e Charleroi, mas poucos problemas na Holanda.
"O importante é intervir rapidamente", disse Branco. "Vamos adotar o modelo holandês porque o método belga fracassou."
Segurança discreta do Euro cria modelo internacional

A estratégia de segurança usada por Portugal durante o Euro 2004 criou um modelo que pode e deve ser utilizado por outros países. Um estudo elaborado por especialistas em comportamento de massas da Universidade de Liverpool e da Academia de Polícia holandesa, apresentado 28 de Janeiro de 2005 em Lisboa concluiu isso mesmo. O holandês Otto Adang, o inglês Clifford Stott e a alemã Martina Schreiber andaram no terreno, durante o campeonato europeu, em contacto permanente com polícias e adeptos, muitos dos quais entrevistaram. Nas conclusões, constataram que a PSP portuguesa optou por uma intervenção de "low profile", civilista, que criou nos adeptos uma identidade comum e uma propensão para a festa e para a não violência.
Sucesso da segurança do Euro 2004 deveu-se a policiamento não visível

Modelo de policiamento do EURO 2004 foi «um sucesso», diz estudo